Para economista-chefe da gestora de recursos Novus Capital, real se beneficiaria positivamente de movimento global de enfraquecimento da moeda americana
03 de agosto de 2020 às 13h59 Por Felipe Leon, de São Paulo
A gestora de recursos Novus Capital aponta que o dólar deve cair para R$ 4,70 até o fim de 2020. A empresa ficou em segundo lugar no ranking Top 5 da Pesquisa Focus do Banco Central, em projeções para a taxa de câmbio. De acordo com o economista-chefe da empresa, Tomás Goulart, o real se beneficiaria positivamente de um movimento global de enfraquecimento da moeda americana.
O real foi a moeda que mais sofreu ajustes negativos a partir do fortalecimento do dólar no primeiro semestre, em virtude da recessão causada pelo novo coronavírus. Para Goulart, é possível que, no segundo semestre, o movimento seja o contrário, com o dólar se enfraquecendo e o real se beneficiando mais do que a média de outros países emergentes.
O dólar teve queda acumulada de 4% em julho, fechando o mês cotado a R$ 5,217, o primeiro recuo mensal em 2020. O rápido ajuste nas contas externas brasileiras e indícios de retomada da economia motivaram a valorização do real.
Apesar do recuo em julho, no acumulado do ano a moeda americana já atinge alta de 30%. Os motivos são a queda da taxa de juros e pela piora da perspectiva fiscal do país, com a crise causada pelo novo coronavírus.
Goulart acredita que o principal risco atual para o segundo semestre, no qual os investidores devem ficar bastante atentos, está relacionado às eleições americanas. O economista afirma que uma reeleição do presidente Donald Trump poderia interromper o cenário base atual de depreciação do dólar no mundo e gerar pressão de baixa para todas as outras divisas, sobretudo às emergentes, como o caso do real. No entanto, no caso de eleição do candidato democrata, Joe Biden, o cenário base projetado pelo economista se manteria, e o real poderia se beneficiar positivamente de um enfraquecimento global do dólar.
Por fim, o economista argumenta que o mercado já projeto que o Banco Central deve reduzir a taxa Selic para 2% ao ano. A Novus Capital aguarda sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que o ciclo de redução esteja próximo do fim. Goulart afirma que, mesmo com o corte na taxa sendo amplamente aguardado pelo mercado, no curtíssimo prazo geralmente há alguma reação que pode pressionar a moeda brasileira. Mas, que Para prazos mais longos, no entanto, a redução do diferencial de juros entre Brasil e o resto do mundo já estaria próxima de seu grau máximo, não devendo gerar desvalorização adicional do real.